Textos do Campeonato de Escrita Criativa (4) 2
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Apetece-me dizer-te que não quero dizer nada. Ou melhor: que não quero dizer nada útil. À conta desta preguiça, já enchi duas linhas com palha, portanto, agora faltam… esquece, também não me apetece fazer contas.
Que importam os pormenores? Tudo! Ou nada se for isso que desejas, no entanto, o nada pode ser o maravilhoso tudo de um momento se sentirmos como é saboroso, às vezes, não cumprir uma obrigação. Eu podia (devia) estar a estudar feito eremita como sempre, mas, ao invés disso, estou a adiar a morte ao socializar contigo. O isolamento extremo mata, sabias? Outro pormenor que talvez não seja importante. Não sei, diz-me tu.
Eu podia (devia) estar a trabalhar, porque as propinas não aparecem simplesmente pagas, porém, em vez disso, estou a desenvolver a minha criatividade. Tenho tempo para me agarrar à crítica de clássicos literários. Se tudo correr bem, pelo menos, até ao fim da licenciatura. Decidi experimentar uma nova paixão, pois, afinal, ninguém vive apenas de uma. Por muito que adore escrever crónicas, não faz sentido dar uma prioridade constante às tarefas quotidianas, que nos oferecem inúmeras oportunidades de as cumprirmos.
Como está o tempo aí? Disseram-me que um maluco avariou o portal temporal e que se misturaram muitas épocas de repente. Sim, quero falar do tempo. Nem todas as conversas têm de ser profundamente filosóficas, os pequenos tópicos também são importantes. Este aborda a saúde, por exemplo. Não creio que um dinossauro a perseguir-nos faça bem ao coração.
Já reparaste no óptimo desempenho dos esquilos magentas que surfam em alguidares de gemada? Fluem na doce sobremesa com a mesma doce facilidade que, como vês, qualquer tema arranja uma língua comprida. Basta querer. Aliás, eu enchi um parágrafo inteiro de palha da mais rasca qualidade magnífica. Isto faz sentido? Não sei, diz-me tu.
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