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Toca do Coelho

Um espaço para o meu apetite omnívoro.

Toca do Coelho

Um espaço para o meu apetite omnívoro.

23.Ago.19

Bem Sentado

Olavo Rodrigues
Estou sentado à janela no preciso momento Em que monto estes versos, Mimado pelo sol, Que, embrulhada na luz, Me oferece alegria de viver ao corpo.   É no Vale dos Sonhos que vivo as maiores aventuras De tipos tão variados e numerosos quanto as partículas de luz Que relevam a genuinidade destas palavras.   Eu gosto daquele lugar Estou seguro mesmo quando estou em perigo E é tão bom saber que,  Afinal,  Não preciso de pagar pelas melhores viagens.   Mas hoje é (...)
23.Jan.18

O Estranho Observador

Olavo Rodrigues
Estou eu a olhar-me no espelho, A ver-me como se não fosse eu, O tipo mais estranho de quem recebo o conselho, Que não está seguro do que he seu.   Parece egocentrico o observador fixado, Mas só porque nunca se sente authentico, Pois não vê mais que um Eu ficcionado.   Como he estranho e interessante ver-me como um tu. Certamente, de onde aquelle veio, haverá sempre mais que um. Nunca he o mesmo tipo com quem me encontro. Todos os dias há um novo, cada vez mais distincto do (...)
20.Jan.18

Porque Escrevo?

Olavo Rodrigues
Porque escrevo? Não lhe reconheço razão exacta, Porque se não o fizer, não vale a pena ser na Terra Nem em lado nenhum.   Sei que preciso tanto de escrever como de existir. Qualquer outra criatura tem cinco sentidos para desenvolver E o escriptor tem o sexto na ponta da caneta.   Tactear com as palavras é passar para um estado metaphysico, Sem forma para se formar o que se quer. Os pensamentos e as emoções saem do corpo terrestre Para animarem outro no universo do outro lado (...)
22.Out.16

Fala Elaborada

Olavo Rodrigues
Se há definição que me soa mal é esta, a da «fala elaborada». Deduz-se que alguém se enquadra na dita designação quando se nota que existem no seu discurso vocábulos invulgares, as chamadas «palavras caras» ou «cultas», bem como construções frásicas que provocam a mesma estranheza.  O registo do quotidiano é mais informal, pelo que há espaço aberto para gírias, calão e palavrões. Da mesma maneira que não se espera que se fale numa sala de reuniões como se fala (...)