Estou sentado à janela no preciso momento
Em que monto estes versos,
Mimado pelo sol,
Que, embrulhada na luz,
Me oferece alegria de viver ao corpo.
É no Vale dos Sonhos que vivo as maiores aventuras
De tipos tão variados e numerosos quanto as partículas de luz
Que relevam a genuinidade destas palavras.
Eu gosto daquele lugar
Estou seguro mesmo quando estou em perigo
E é tão bom saber que,
Afinal,
Não preciso de pagar pelas melhores viagens.
Mas hoje é (...)
Estou eu a olhar-me no espelho, A ver-me como se não fosse eu, O tipo mais estranho de quem recebo o conselho, Que não está seguro do que he seu.
Parece egocentrico o observador fixado, Mas só porque nunca se sente authentico, Pois não vê mais que um Eu ficcionado.
Como he estranho e interessante ver-me como um tu. Certamente, de onde aquelle veio, haverá sempre mais que um. Nunca he o mesmo tipo com quem me encontro. Todos os dias há um novo, cada vez mais distincto do (...)
Porque escrevo? Não lhe reconheço razão exacta, Porque se não o fizer, não vale a pena ser na Terra Nem em lado nenhum.
Sei que preciso tanto de escrever como de existir. Qualquer outra criatura tem cinco sentidos para desenvolver E o escriptor tem o sexto na ponta da caneta.
Tactear com as palavras é passar para um estado metaphysico, Sem forma para se formar o que se quer. Os pensamentos e as emoções saem do corpo terrestre Para animarem outro no universo do outro lado (...)
Se há definição que me soa mal é esta, a da «fala elaborada». Deduz-se que alguém se enquadra na dita designação quando se nota que existem no seu discurso vocábulos invulgares, as chamadas «palavras caras» ou «cultas», bem como construções frásicas que provocam a mesma estranheza.
O registo do quotidiano é mais informal, pelo que há espaço aberto para gírias, calão e palavrões. Da mesma maneira que não se espera que se fale numa sala de reuniões como se fala (...)