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Toca do Coelho

Um espaço para o meu apetite omnívoro.

Toca do Coelho

Um espaço para o meu apetite omnívoro.

27.Fev.22

Quero mais Tempo

Ó, juventude minha

Que me deixas para trás

Maldito tempo em linha

Que nesta existência se faz.

 

Quero concretizar tudo

E ainda ter tempo para nada

Mas contemplando os sonhos do futuro mudo

Vejo instalar-se uma nova madrugada.

 

Ainda na flor da idade

Sinto um desgosto de terminar inacabado

Invariável fim que não cede à curiosidade

Abrindo os olhos, amanhã serei um velho desgastado.

 

Milhares de milhões de livros para ler

Mas sem olhos suficientes para os admirar

Sete mil milhões de rostos para conhecer

Mas não sou ubíquo para todos cumprimentar.

 

Só quero livros que não tenho

E gente que não conheço

Experiências em lugares que estranho

E uma perene oportunidade de começo.

 

Ainda não me apaixonei por mulheres bastantes

Ainda não descobri todos os campos de estudo

Que cada nova cara plantasse a completitude de antes

E que o intelecto fosse um eterno escudo.

 

Já desperdicei demasiado

Não é possível a recuperação

Anteriormente bloqueado e vendado

Agora estou, no recomeço, procurando consolação.

 

Assim permaneço insatisfeito como Variações

Nunca vou viver tanto quanto desejo

A vida tem imenso para dar em todas as dimensões

Mas parece que falta sempre o melhor ensejo.

 

Os gregos antigos tinham sempre presente a morte

Não apenas quando aparecia e entrava a corroer

Para eles, era algo natural que constitui a sorte

Consciência útil essa que nos ajuda a escolher.