Quero mais Tempo
Ó, juventude minha
Que me deixas para trás
Maldito tempo em linha
Que nesta existência se faz.
Quero concretizar tudo
E ainda ter tempo para nada
Mas contemplando os sonhos do futuro mudo
Vejo instalar-se uma nova madrugada.
Ainda na flor da idade
Sinto um desgosto de terminar inacabado
Invariável fim que não cede à curiosidade
Abrindo os olhos, amanhã serei um velho desgastado.
Milhares de milhões de livros para ler
Mas sem olhos suficientes para os admirar
Sete mil milhões de rostos para conhecer
Mas não sou ubíquo para todos cumprimentar.
Só quero livros que não tenho
E gente que não conheço
Experiências em lugares que estranho
E uma perene oportunidade de começo.
Ainda não me apaixonei por mulheres bastantes
Ainda não descobri todos os campos de estudo
Que cada nova cara plantasse a completitude de antes
E que o intelecto fosse um eterno escudo.
Já desperdicei demasiado
Não é possível a recuperação
Anteriormente bloqueado e vendado
Agora estou, no recomeço, procurando consolação.
Assim permaneço insatisfeito como Variações
Nunca vou viver tanto quanto desejo
A vida tem imenso para dar em todas as dimensões
Mas parece que falta sempre o melhor ensejo.
Os gregos antigos tinham sempre presente a morte
Não apenas quando aparecia e entrava a corroer
Para eles, era algo natural que constitui a sorte
Consciência útil essa que nos ajuda a escolher.