Ode às Mulheres Gordas
"Gorda", que adjectivo tão injustamente repelido
Por isso uso-o aqui como elogio
É um dom que jamais deve ser contido
"Gorda" é graciosidade como nunca se viu.
Podem ter alguma celulite e uma pancinha
Podem ter coxas grossas e uma barriga em cúpula
É deslumbrante o ventre que descai de uma rainha,
Tal como a beleza da barriga dupla.
Tudo nelas é abundância
Tudo na abundância é sensualidade
Nada de excessivo há na exuberância
Gera, isso sim, muita atracção e intensidade.
Que aconchegantes abraços
Há quem não admita que as ama
Celebre-se os arredondados traços
Das mulheres que enchem a cama.
E às que, desinibidas, se empanturram
O seu apetite não devem esconder
As legítimas necessidades não se recusam
Vivam as mulheres que gostam de comer.
Que "gorda" deixe de ser insultuoso
Pois a aparência depende da cultura
Que seja apenas carinhoso
Porque tem potencial com fartura.