Menina, em que tanto Pensas e não Dizes?
Menina que estás ao meu lado,
Sentada na paragem de autocarro,
Sinto-te barulhenta no teu silêncio.
O teu semblante desabafa a mil à hora,
Mas não se faz ouvir.
É claro que não, não usa o microfone.
Tanta barulheira, Deus meu, parece uma praça!
Tanto para ouvir, mas mesmo estando próximos,
Cada um fica no seu canto, fechado,
Sempre a comer do mesmo prato como sempre come,
Separado do outro por uma barreira invisível e incómoda como o vento.
Eu tenho o mesmo problema que tu,
É tramado ter a boca tapada por um fecho encravado.
Mas sabes que mais?
O autocarro ainda não chegou e nós já sabemos para onde vamos.
Desconhecer é divertido, eu cá estou farto de conhecer!
Conheço assim e sei que conhecerei assim praticamente todos os dias.
Planeia comigo um caminho incerto.
Já te riste hoje?
Contribuíste para a tua felicidade ou para a de outra pessoa?
Sim? Não?
Pois, a mim também me parece.
É desta forma que passamos uma eternidade à espera do que já esperamos,
Todos os dias quase sempre certos.