Na dança constante do bem e do mal, Tu decides o que te beneficia E o que he para ti letal.
Parece utopico ou talvez absurdo, Mas a vida corre-te mal, porque és surdo. Sem te aperceberes de como traças o teu rumo, Dás varios passos, todos elles com pés de chumbo.
Tu podes criar a tua realidade, O que vai, vem, Seja amor ou maldade.
Attenta nos teus parceiros de dança E também na choreographia, Acredites ou não, o que o teu juízo lança He o teu reflexo, que sempre (...)
Porque escrevo? Não lhe reconheço razão exacta, Porque se não o fizer, não vale a pena ser na Terra Nem em lado nenhum.
Sei que preciso tanto de escrever como de existir. Qualquer outra criatura tem cinco sentidos para desenvolver E o escriptor tem o sexto na ponta da caneta.
Tactear com as palavras é passar para um estado metaphysico, Sem forma para se formar o que se quer. Os pensamentos e as emoções saem do corpo terrestre Para animarem outro no universo do outro lado (...)
Esta vontade sedenta de querer produzir Me sai dos poros e me rebenta Por aquillo que também não quero construir. Assim ando pela poeira, que nunca assenta, Não vendo, não me mexendo, Não vivendo activo como gostaria e, congelado, Quase caio na apathia.
No mesmo terreno um diz que sim e outro diz que não E eu só oiço ruído sem direito a uma canção. Não os entendo e entre elles há ainda menos consenso. Passo, então, o dia tenso, cheio de frustração. Fica a machina (...)
Não precisando do peso ancorado de pensar,
Apanho a leveza instantânea do sentir,
Que é pura e amorfa,
Sempre pronta a contar a verdade de mentir.
A história sem palavras é a que veio para vingar,
Partilha a imaginação de igual maneira
Sem obrigar o receptor, faminto de brincadeira,
A aceitar a verdade do contador.
As palavras aqui não importam,
Estragam o sabor com a sua arrogância de saber,
Assim, o deserto branco murcha
Sem desfrutar do que é (...)