Os Sonhos da Chuva
Olho pela janela e vejo as gotas da chuva a cair.
Umas atrás das outras, tão ordeiramente,
Fazem lembrar a areia de uma ampulheta.
A sua forma de movimento é também recta como o tempo.
Passado, Presente, Futuro, os grandes motoristas.
Num segundo uma gota rebenta no chão, uma vai a caminho
E as outras seguem-na como se estivessem numa fila à espera do Destino.
Não consigo precisar se elas sonham seguir o Destino ou se têm sonhos que possam moldar.
Então e eu? Posso moldar os meus sonhos?
Dois deles realizaram-se: estou vivo e escrevo.
Porém, serão sonhos meus ou do Destino?
Esta vida parece sempre sonhada.
Uma mistura estranha de sonho bom e pesadelo.
Quem me dera saber se estou mesmo acordado
Para despertar caso não o esteja e ver a Existência real.
No entanto, é provável que não esteja pronto, ficando assim neste sonho.
Ainda bem, sonhar é um dos meus passatempos preferidos.
Espero nunca deixar de o fazer.