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Toca do Coelho

Um espaço para o meu apetite omnívoro.

Toca do Coelho

Um espaço para o meu apetite omnívoro.

06.Dez.23

A História sem Ecrãs

Olavo Rodrigues
Às vezes, preferia que a humanidade não se tivesse digitalizado. De facto, vou mais longe e digo que seria melhor se nunca tivesse existido nenhum tipo de ecrã doméstico, incluindo a televisão. A vida parecia mais autêntica e o isolamento era mais difícil, pois as pessoas, por muito introvertidas que fossem, precisavam de se deslocar para todo o lado. Não havendo entretenimento isolador além da leitura, era necessário ou sair ou inventar brincadeiras e jogos em casa. Um dos (...)
24.Mai.22

Dez para as Seis da Tarde

Olavo Rodrigues
Às dez para as seis da tarde Espero-te no Inverno das raízes frouxas Esperança mouca e cega  Que não vê o buraco da expectativa  Nem ouve o aviso da vivência.   No escurecer da noite fria, encontro paz Um reconforto no preto absorvente do céu, Que ainda está por aparecer  Onde antes o negro era dor Agora é anestesia Uma tranquilidade em que os pensamentos dormem E em que o pranto das emoções se embala.    Quem me dera que a ventania me levasse O Inverno tem uma maneira (...)
30.Abr.22

Chega de Fascismo!

Olavo Rodrigues
Guerra é paz Liberdade é escravidão Ignorância é força   Estes é o lema do Grande Irmão, o ditador da distopia orwelliana. De George Orwell em 1984   Eles andam por estes lados outra vez À superfície, conspirantes, a disseminar Promessas que tresandam a embriaguez De sonho, mudança e glória sem par.   Outro grito, outra garantia de amor Escondem uma abjecção decrépita e velha Não vês que eles se servem da tua dor? Não te dás conta do lobo vestido de (...)
27.Fev.22

Quero mais Tempo

Olavo Rodrigues
Ó, juventude minha Que me deixas para trás Maldito tempo em linha Que nesta existência se faz.   Quero concretizar tudo E ainda ter tempo para nada Mas contemplando os sonhos do futuro mudo Vejo instalar-se uma nova madrugada.   Ainda na flor da idade Sinto um desgosto de terminar inacabado Invariável fim que não cede à curiosidade Abrindo os olhos, amanhã serei um velho desgastado.   Milhares de milhões de livros para ler Mas sem olhos suficientes para os admirar S (...)
28.Jan.22

Ode às Mulheres Gordas

Olavo Rodrigues
"Gorda", que adjectivo tão injustamente repelido Por isso uso-o aqui como elogio É um dom que jamais deve ser contido "Gorda" é graciosidade como nunca se viu.   Podem ter alguma celulite e uma pancinha Podem ter coxas grossas e uma barriga em cúpula É deslumbrante o ventre que descai de uma rainha, Tal como a beleza da barriga dupla.   Tudo nelas é abundância Tudo na abundância é sensualidade Nada de excessivo há na exuberância Gera, isso sim, muita atracção e (...)
26.Set.21

Brinquedos de Menino ou de Menina?

Olavo Rodrigues
Acabei de ver um vídeo divertidíssimo sobre crianças a quem se propõe que brinquem com brinquedos do sexo oposto. São três meninos e duas meninas. Arabelle e Sophia ficam curiosas com os brinquedos "masculinos" e, cheias de entusiasmo, não tardam a dar-lhes uma oportunidade. Aparentam divertir-se tanto como se usassem brinquedos "de rapariga". No entanto, quando chega a vez dos rapazes, Kingston, Lyric e Jacob, o caso muda de figura. Não só se recusam a interagir com os brinquedos (...)
31.Mai.20

Para Quando a Nova Manhã?

Olavo Rodrigues
Que desgosto fatal A humanidade foi atropelada Por um imprevisto tal Que a deixou para sempre marcada.   Vida estranha esta que por um pé foi barrada Como um carreiro de formigas em andamento Corremos atrás de 2020 com um sorriso pequeno Em busca da fraca luz da madrugada Coberta agora pelo relampejar do sofrimento.   Com o caminho interrompido Lá se vão as inúmeras ambições Já tenho o cérebro entupido De tanto covid e discussões.   Pede-se à arte que imagine (...)
25.Abr.20

Tolerância aos Chineses

Olavo Rodrigues
Em cada esquina um amigo, Em cada rosto igualdade, Grândola Vila Morena, Terra da fraternidade AFONSO, Zeca - Grândola Vila Morena Eis maisum pensamento algo aleatório, mas que me parece pertinente para a atual situação: soube de alguns relatos de pessoas que incriminam o povo chinês da pandemia. Não me refiro ao governo da China, mas às (...)
30.Mar.20

Falhas da Língua Portuguesa (4)

Olavo Rodrigues
É curiosa a expresão "estar cheio(a) de fome". Afinal, a fome é uma sensação de vazio, por isso, será mesmo semanticamente correto dizer que se está cheio de vazio? Porque não dizer "há demasiado vazio em mim" - sim, eu sei que soa estranho - mas neste caso também seria uma incoerência. Não pode ser "demasiado", porque esta palavra indica a existência de alguma coisa, mas a fome é a ausência de comida no estômago, logo é nada e não pode haver demasiado nada. Quando muito, (...)
29.Fev.20

Ser um leitor humano não dá lá muito jeito

Olavo Rodrigues
"Ler demasiado" devia ser considerado uma combinação de palavras agramatical. A maior angústia para um amante de palavras é aperceber-se de que é demasiado impotente e efémero para ler tudo o que alguma vez foi ou será escrito. É nestas alturas que dava jeito já terem descoberto uma maneira de transportarem a consciência humana para um robô, mas por enquanto esse sonho não passa de uma fantasia de alguns livros que tanto adoramos.